Tendências na educação e formação continuada: caminhos para uma prática docente transformadora

As salas de aulas mudam constantemente; elas acompanham as mudanças culturais, sociais e tecnológicas. Nesse cenário, os profs precisam sempre se atualizar. Ser um constante aprendiz é um compromisso que os profs têm com a educação.

FORMAÇÃO CONTINUADA

Livya Dourado e Naiman Soares

3/28/20254 min read

Tendências na Educação e Formação Continuada: Caminhos para uma Prática Docente Transformadora

Contexto Atual: Os Desafios da Educação no Século XXI

A educação contemporânea vive um momento de profundas transformações que exigem dos profissionais um compromisso permanente com a aprendizagem ao longo da carreira. Nós, profs, vivenciamos diariamente os avanços tecnológicos, as crescentes demandas por inclusão e do desenvolvimento socioemocional, que exigem metodologias ativas capazes de responder à diversidade dos estudantes.

A sala de aula de hoje não é a mesma de anos atrás - as tecnologias avançam, as relações sociais se transformam e as culturas se reinventam. Nesse ritmo acelerado, nós, profs, sentimos na pele uma verdade incontornável: manter-se atualizado já não é uma escolha, mas uma necessidade vital para quem quer fazer diferença na vida dos estudantes. O que nos leva à afirmação de Nóvoa (2017, p. 45), "um professor que não aprende ao longo da vida perde a sua capacidade de ensinar".

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2021) nos lembra, com dados concretos, o que nossa prática já revela: a formação continuada é o alicerce que sustenta uma educação de verdadeira qualidade. Mais do que evitar que nosso conhecimento fique ultrapassado, ela nos mantém vivos como profissionais, capazes de entender e acolher as novas gerações.

E como nós, profs, podemos nos fortalecer para enfrentar esses desafios cotidianos? A resposta está nos múltiplos caminhos de aprendizagem que temos à disposição - desde cursos de especialização que aprofundam nosso olhar até workshops mãos na massa que trazem soluções imediatas para a sala de aula. Essas diferentes trilhas nos capacitam para atuar nas complexas realidades das escolas. Neste momento crucial para a educação, destacamos quatro prioridades urgentes para o nosso desenvolvimento contínuo:

1. Educação Inclusiva e Especial

A conscientização sobre diversidade e acessibilidade impulsiona a demanda por profissionais capacitados para atender estudantes com necessidades educacionais específicas (como deficiências físicas, intelectuais ou transtornos de aprendizagem).

Onde estudar:

  • USP: Cursos de extensão e pós-graduação em Educação Especial e Inclusiva.

  • PUC-Rio e PUC-SP: Especializações em Educação Inclusiva.

  • UFSCar: Programas reconhecidos em inclusão.

  • Unicamp: Pós-graduação com foco em práticas inclusivas.

2. Tecnologias Educacionais (EdTech)

A integração de ferramentas digitais — como inteligência artificial, realidade virtual e plataformas EAD — já é realidade. Formar profes para usá-las de forma crítica e criativa é um desafio central.

Onde estudar:

  • Unicamp: Especialização em Tecnologias e Inovação na Educação.      

  • PUC-RS e PUC-SP: Pós-graduação em Tecnologias Educacionais.

  • UFRGS: Cursos em Informática na Educação.

  • Instituto Singularidades: Formação em Metodologias Inovadoras.

3. Psicopedagogia

Combina psicologia e pedagogia para diagnosticar e intervir em desafios de aprendizagem, apoiando o desenvolvimento cognitivo e emocional dos estudantes.

Onde estudar:

  • PUC-SP e PUC-Rio: Especializações em Psicopedagogia.

  • UFRJ: Pós-graduação na área.

  • UNINTER: Opção EAD em Psicopedagogia Institucional.

4. Gestão Escolar e Educacional

Liderar instituições de ensino exige conhecimentos em planejamento estratégico, finanças e políticas públicas. Essa formação é a chave para gestores que desejam impactar sistemas educacionais.

Onde estudar:

  • USP: Pós-graduação em Gestão Educacional.

  • FGV: Cursos com foco em Liderança Escolar.

  • UNESP: Especializações em Gestão Escolar.

Por que Investir na Formação Continuada?

  1. Adaptação às Novas Demandas

    • A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96) já previa a formação continuada como direito e dever do profissional da educação.

    • Dados do INEP (2023) mostram que professores que participam de programas de formação continuada têm 20% mais engajamento em práticas inovadoras.

  2. Resposta aos Desafios Contemporâneos

    • Tecnologia na Educação: 67% dos professores brasileiros afirmam não se sentirem preparados para usar ferramentas digitais em sala de aula (pesquisa TIC Educação, 2023).

    • Inclusão: A formação continuada é crucial para implementar a Política Nacional de Educação Especial (PNEE, 2020).

  3. Impacto na Aprendizagem dos Alunos

    • Estudos da OCDE (2022) comprovam que sistemas educacionais com investimento em formação docente têm notas até 15% superiores em avaliações como o PISA.

Conclusão: Um Convite à Ação

A formação continuada não pode depender apenas da iniciativa individual do professor. É preciso:
Políticas públicas efetivas (ex.: ampliação do PAR para formação).
Investimento em plataformas gratuitas (como a AVAMEC do MEC).
Reconhecimento salarial para quem busca qualificação.

Educação como Compromisso Coletivo

A formação continuada não se resume à atualização de conteúdos; é um movimento ético e profissional para construir uma educação mais justa, inclusiva, inovadora, eficaz e adaptada ao século XXI. Como demonstram as tendências acima, essas especializações refletem as necessidades atuais da educação, que busca se adaptar a um mundo em constante transformação. Portanto, investir na capacitação docente é investir no futuro das próximas gerações.

Ensinar exige constante reinvenção. E reinventar-se exige apoio, tempo e dignidade.


Referências Bibliográficas:

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial (PNEE). 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/descontinuado/pnee.pdf. Acesso em: 20 de março de 2025.

INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Dados sobre formação docente, 2023. Disponível em:https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/mec-e-inep-divulgam-resultados-do-censo-escolar-2023. Acesso em: 22 de março de 2025.

OCDE. Relatório sobre formação docente e desempenho no PISA. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/acoes-internacionais/divulgados-os-resultados-do-pisa-2022#:~:text=Entre%20os%20brasileiros%2C%2055%25%20registraram,Pisa%20avalia%20um%20dom%C3%ADnio%20principal. Acesso em: 23 de março de 2025.

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Teachers and Leaders in Schools: Results from TALIS 2018. Paris: OECD Publishing, 2021. Disponível em: https://www.oecd.org/education/talis/. Acesso em: 23 mar. 2025.

NÓVOA, António. Os professores e a sua formação. 3. ed. Lisboa: Dom Quixote, 2017.

TIC EDUCAÇÃO. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas brasileiras. 2023. Disponível em: https://cetic.br/pt/noticia/acesse-gratuitamente-o-livro-tic-educacao-2023-analise-baseada-na-pesquisa-sobre-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nas-escolas-brasileiras/. Acesso em: 21 de março de 2025.